Libertada ao ser capturada.
Uma certa vez ouvi da minha mãe que "as pessoas entram em nossas vidas por uma razão, trazendo algo que devemos aprender. E somos conduzidos a quem mais nos ajuda a crescer se os deixarmos e os ajudarmos em troca".
Quando casei aprendi isso da melhor maneira possível. Como casei na adolescência hormônios estavam a flor da pele, era encostar que saia faísca, sexo de manhã, de tarde e a noite. Nunca tinha sentido algo tão forte e com toda a minha mente e corpo. Porém ele ainda não havia me ensinado a profundidade da palavra paixão. Aquela que agora me percorre, se definindo no momento e incendiando minha alma. Num looping onde sempre quero mais!
Em uma passada pelas lojas da cidade, encontramos uma sex shop, novidade para a época, uns 15 anos atras, aquilo me fascinou e acabamos comprando um kit iniciante de bondage que continha algema, corrente, coleira, chicote e venda.
Ao chegar em casa aquela timidez no ar e o silencio ao abrir a embalagem no sofá da sala. Eu não ousava dizer nada, ele retirava os itens e me olhava. Até que veio a mim segurou meu cabelo e o clique audível quando a guia se encaixou no meu pescoço preencheu o espaço da sala silenciosa e cheia de tensão. Percebi uma certa dor lancinante no coração de um marido quando a gravidade do momento e o belo nirvana escuro afundaram. Com a cabeça abaixada, entre a vergonha e a excitação, minha boca se abriu avidamente, com o único propósito de elogiar meu amante de ébano. Meu mais novo professor erótico. Meu touro.
Então suas mãos másculas embalaram meu rosto, me obrigando a fazer contato visual com o homem arrancando as suas e minhas roupas e dando ordens para não impedir o saque dos presentes do meu jardim.
- "Você gosta deste pau, não é?"
Sua voz de controle envia tremores por toda minha totalidade. As palavras assertivas, o tom escuro e firme. Eu estava completamente à vontade com o poder de comando que ele produzia.
-
"Isso enche você por dentro?"
-
"De quem é essa boceta?"
-
"Você precisa desse pau agora, não é safada?"
Eram apenas palavras e perguntas, mas me amarraram e me prenderam a ele. Breves inquisições que exigiam que eu revelasse tudo dentro de mim. Minhas próprias necessidades, desejos, medos e dores se tornaram brutalmente transparentes com cada resposta de uma palavra. A inflexão dentro de cada resposta me forçava a me abrir, me deixando ainda mais nua e exposta.
-"Siiim, sssiiimmm, SSSIIIIMMMMM"
Gritava cada resposta com mais intensidade do que a última.
Fui jogada, virada e torcida até que ele extraiu de mim o que não existia antes. Me moldando no tapete da sala em um ser sexual não reconhecido.
- "Você sabe... Você é MINHA?"
Ele rosnou a pergunta, claramente condicionando a resposta que queria ouvir.
- "Sim, senhor!!"
Quando as palavras saíram de meus lábios sem pensar, percebi que estava falando a linguagem da submissão. Eu estava agora desvinculada de minhas concepções, solta de minha moralidade sexual, estava liberando tudo para ele, despojada do meu núcleo.
Sua mão poderosa abruptamente encontrou minha garganta para selar seu controle sobre mim. Ele havia me capturado e libertado no mesmo momento. Essa compreensão mútua, agora unia nossas almas. O sorriso perverso que passei a usar era involuntário enquanto me jogava sem rumo no mar de minha luxúria violenta.