Reflexão
Declaração
Meu amor,
Há fenômenos humanos tão sutis que só a convivência íntima é capaz de revelar. E você, sem perceber, virou o meu laboratório vivo mais fascinante — aquele em que ciência e afeto se misturam sem pedir licença.
Quando conversamos à noite e, pela manhã, você não lembra de nada, eu não interpreto isso como ausência. Pelo contrário: para mim, é uma expressão linda de como o seu cérebro alterna entre vigília e sono sem perder a capacidade de se conectar comigo. É quase poético pensar que, mesmo navegando entre estados de consciência, você continua se voltando para mim como ponto de referência.
E quando eu me mexo, quando levanto da cama ou viro para o lado oposto, e você, dormindo, me abraça e me puxa de volta… ali existe uma pequena tese inteira sobre vinculação afetiva. Um ato automático, sim — mas carregado de conteúdo emocional que nenhum manual acadêmico jamais captaria totalmente. É neurociência, comportamento e amor acontecendo ao mesmo tempo, sem que você precise raciocinar sobre nada.
Eu queria te agradecer por isso. Por essa presença tão profunda que existe até quando você não está “acordado”. Por esse corpo que procura o meu mesmo na inconsciência. Por esse cérebro que se reorganiza, descansa, esquece... mas nunca me perde.
É um privilégio raro conviver com alguém que me acolhe até dormindo. E eu vejo beleza nisso com olhar científico, sim — mas também com o coração completamente entregue.
Obrigada por ser, até no sono, o meu lugar seguro.
