

O que você viu nele?
Então um dia me perguntaram o que você viu nele?
E bem, vi um homem que sabe onde fica o ponto G, e o Wi-Fi.
Que me chama de deusa e, dois minutos depois, tá discutindo comigo se molho de
alho combina com tudo.
Que
me olha pelada e diz “uau”, mas me vê de moletom e fala "casa comigo".
Vi nele um safado culto, um tarado carinhoso, um cretino romântico.
O tipo de homem que sabe ler sinais... e também legendas de filme quando eu tô
cansada.
Eu vi um homem que além de saber onde fica o clitóris, também sabe usar a
vírgula.
Que me chama de colmeia, não por ser doce, mas porque ele adora se perder
dentro.
Vi um sujeito que filosofou sobre meus seios como se fossem alguma corrente
estética do século XIX.
E tratou minha bunda como se fosse uma instalação de arte contemporânea:
incompreendida por muitos.
Que me escreve poemas como se eu fosse uma entidade mística, mas me pega no
sofá como se eu fosse delivery com frete grátis.
Que me chama de oráculo e grande sabia – de forma bem irônica admito - mas mal
consegue encontrar o controle remoto quando eu mando.
Vi
um homem que mistura Foucault, gemido e vinho tinto.
Que fala de “texto sagrado” enquanto me deixa sem fôlego, sem roupa e sem
condições de raciocínio lógico.
Mas sabe o que é mais impressionante?
Ele realmente me escuta, faz piada e me faz rir das minhas e das suas neuroses
com tanta leveza que quase esqueço da instabilidade.
Ele não me conserta, me acompanha.
Não tenta me domar, me admira.
E o mais importante:
sabe exatamente quando calar a boca e só... me virar de bruços.
Então, quando me perguntam:
“O que você viu nele?”
Eu respiro, dou aquele olhar blasé e digo:
"Vi um cara que faz análise do meu corpo como se fosse TCC. E ainda me
dá orgasmo e elogio intelectual na mesma frase.
Vi um combo raro: tesão com parceria, sexo com riso, sacanagem com afeto. E,
porra... que sorte a minha.
Qual a chance disso, né? Casei”.